sexta-feira, 23 de novembro de 2007

ESPIRITUALIDADE FAMILIAR

“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15,5).
Seguir a Cristo. Permanecer em Cristo. Amar a Cristo. De maneira resumida poderíamos dizer que estas são características que pertencem a quem é discípulo de Jesus. Portanto, também podemos dizer que espiritualidade é o modo como seguimos, permanecemos e amamos a Cristo. Existem várias “portas” ou “vias” de espiritualidade na Igreja como forma de seguimento de Jesus. Seja a porta ou a via mariana, da liturgia, das diversas devoções ou das várias espiritualidades encontradas no seio da Igreja: Carmelitana, Beneditina, Franciscana, etc ou dos vários Movimentos Eclesiais: Renovação Carismática, Focolares, Legião de Maria, Encontro de Casais com Cristo, etc ou ainda através da espiritualidade própria das Novas Comunidades.
Cada um se sente chamado a seguir o Senhor através das várias vias de espiritualidade. A partir de nosso encontro pessoal com Jesus começamos a cultivar nosso relacionamento com Ele, normalmente dentro de uma dessas vias. Porém, em todas elas, há um pressuposto de perseverança básica e fundamental para nosso relacionamento com o Senhor: a oração! Sem oração não há relacionamento com Deus. A oração é a forma de nosso interagir com Ele.
Quando tratamos de espiritualidade familiar, queremos dizer o caminho que a família como Igreja Doméstica se utiliza para o seu relacionamento com o Senhor. Por isso, não podemos dizer que há uma espiritualidade, um seguimento de Cristo na família se não há vida de oração pessoal, conjugal e familiar. Vejamos o que nos fala a respeito o Catecismo da Igreja Católica:
"A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é 'A Igreja doméstica', onde os filhos de Deus aprendem a orar 'na Igreja' e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é a primeira testemunha da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo." (CIC 2685).
Rezar juntos. Isto é fundamental! Não vale mais a desculpa: não tenho tempo, minha vida é muito corrida! Oração em família é questão vital do relacionamento com Deus e, inclusive para a harmonia dos relacionamentos inter-pessoais na própria família. Na oração somos curados, pela oração aprendemos a perdoar, pela oração nos tornamos mais amigos de Deus e uns dos outros, pela oração nos entregamos e amamos a Deus e nos tornamos capazes de amar os irmãos e, pela oração os filhos são educados e formados. Veja como a definiu Bento XVI:
“A oração não é algo acessório ou opcional, mas uma questão de vida ou morte. Somente quem reza, isto é, quem se confia a Deus com amor filial, pode entrar na vida eterna, que é o próprio Deus.” (Bento XVI – Quaresma de 2007).
Assim nós, os pais, que somos os primeiros responsáveis pela saúde espiritual de nossa família, devemos tomar a oração como algo que faz parte do cotidiano da família e com ela encontrarmos forças para lutar contra tudo aquilo que vem para nos afastar da própria oração e consequentemente da vida em Deus. Proclamemos com Jesus e como Jesus, no evangelho, com vigor e determinação: “...minha casa é uma casa de oração.” (Mt 21, 13). Meu irmão e minha irmã, faça dessa palavra uma ordem para sua vida e para sua família. Vida de oração é questão de atitude. Tenha a coragem de assumir essa atitude hoje para o bem e a salvação de sua família. Saia do comodismo, da letargia espiritual, das teias da embromação de satanás sobre a família. Precisamos lutar contra o modelo de família que o mundo e a sociedade querem impor para nós. Nós não a aceitamos. Queremos viver o modelo de família que está dentro do projeto de Deus e que Ele mesmo deixou expresso de maneira magnífica através de sua própria família, a Sagrada Família de Nazaré. Uma família que não deu espaço à preguiça, a letargia ou ao comodismo em cumprir a vontade de Deus e buscá-lo e ter comunhão com Ele através de uma intensa vida de oração. “A oração e a vida cômoda não combinam.” (Sta Tereza D’Ávila).
Por onde começar? Através da oração à mesa, por exemplo. A mesa/ refeição é lugar sagrado. Jesus quando instituiu a Eucaristia, não a instituiu em um templo ou sobre um altar e sim sobre uma mesa de refeição e durante uma refeição, querendo também assim, deixar claro o caráter sagrado de que se reveste, principalmente, quando uma família se reúne em torno da mesa. Infelizmente, isso se perdeu na maioria das famílias, notadamente e dolorosamente, nas famílias que se dizem cristãs! Até mesmo em algumas famílias a mesa foi extinta! Foi trocada por um balcão! Os filhos comem à frente da TV ou do computador. Os pais, dando um péssimo exemplo, fazem o mesmo! Precisamos fazer um grande resgate desses valores perdidos. Quantas possibilidades de diálogo, amizade, partilha, perdão, crescimento, conhecimento pode-se fazer à volta da mesa? Mesmo que, hoje em dia, com toda a correria, afazeres, trabalho, estudo, horários diferentes, cada família, dentro de seu próprio ritmo, poderia, ao menos, eleger uma das refeições do dia ou algumas durante a semana para viver intensamente estes momentos que são apropriados para agradecer em família o pão nosso de cada dia!
Como é importantíssimo, dentro desse processo de educação familiar para a oração, a oração do casal e dos pais com os filhos. Quero trazer aqui duas pérolas de João Paulo II a respeito da importância da oração em família:
“A oração família tem as suas características. É uma oração feita em comum. Marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio.” (Familiaris Consortio, 59).
“A oração reforça a estabilidade e a solidez espiritual da família, ajudando a fazer com que esta participe da ‘fortaleza’ de Deus. Na solene ‘bênção nupcial’ durante o rito do matrimônio, o celebrante invoca deste modo o Senhor: ‘Efunde sobre eles (os recém-casados) a graça do Espírito Santo, a fim de que, em virtude do teu amor derramado nos seus corações, perseverem fiéis na aliança conjugal.’ É desta ‘efusão do Espírito Santo’ que dimana a força interior das famílias, bem como o poder de as unificar no amor e na verdade.” (Carta às Famílias, 4).
Fica muito claro e evidente que toda a harmonia e felicidade plena – que só se consegue em Deus (cf. CIC 27) – depende da qualidade de vida de oração entre os cônjuges e entre pais e filhos. Como é verdade e, se aplica muito bem aqui, aquele antigo ditado que diz: “Família que reza unida permanece unida!”

Fonte: www.sagradafamilia.org.br
Italo J. Passanezi Fasanella - Fundador e Moderador Geral - Comunidade Católica Sagrada Família

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Santa Cecília, padroeira da música


Maria Auristela B. Alves

Sabe-se pouco sobre a vida de Santa Cecília – que data provavelmente do império de Alexandre Severo, na Roma pagã; ela foi martirizada por volta do ano 230 –, mas o suficiente para torná-la amada e venerada com especial devoção.
O culto de Santa Cecília, em honra da qual no século quinto foi construída em Roma uma basílica, difundiu-se por causa de sua Paixão (descrição de seu martírio).
Ela é exaltada como o modelo mais perfeito – depois de Maria – de mulher cristã. Era assídua à celebração da Eucaristia, presidida pelo Papa Urbano nas catacumbas da via Ápia; à saída, era aguardada por uma multidão de pobres, que conheciam a sua generosidade.
Tomada de profundo amor por Deus, prometeu-lhe guardar virgindade. No entanto, sua família a comprometeu com Valeriano. Não obstante a proximidade do matrimônio, Cecília intercedia constantemente, em especial junto ao seu anjo da guarda, para que também o noivo se convertesse e aceitasse um casamento especial, sem o ato conjugal.
No dia das núpcias, enquanto os instrumentos tocavam, ela cantava em seu coração somente para o Senhor e pedia a graça da conversão do esposo. A sós, com o jovem, ela confessou-lhe: “Nenhuma mão humana pode me tocar, pois sou protegida por um anjo. Se você me respeitar, ele amará você, como me ama”. Valeriano converteu-se ao cristianismo: fez-se instruir e batizar pelo Papa Urbano e abraçou o ideal da esposa, de virgindade no matrimônio.
Naquela época, ser cristão era um “crime”, uma traição a Roma. O cristianismo era considerado uma seita altamente perigosa. Então, cristãos descobertos, os dois foram submetidos ao martírio. O martírio de Santa Cecília tem um aspecto todo particular. Houve uma primeira tentativa de asfixia, depois, foi condenada à decapitação. Tendo recebido três golpes de machado, sua cabeça não se desprendeu. Ela havia pedido a Deus a graça de não morrer sem antes receber os sacramentos das mãos do Papa Urbano, e a alcançou. Assim, morreu três dias após as feridas do machado. Enquanto pôde, cantou a glória do Senhor; depois que a voz sumiu, expressou sua fé no Deus Uno e Trino com os dedos.
Foi uma das santas mais veneradas durante a Idade Média. O seu nome vem citado no cânon da missa. Dentre as santas é a que maior número de basílicas teve em Roma. A nenhuma outra santa a cristandade consagrou tantas igrejas quanto a ela.
Pela alusão à canção do coração no matrimônio e ao louvor explícito durante o martírio, Santa Cecília foi sendo associada à música, até que no século XV foi proclamada padroeira da música.
Ela é invocada por ministros de música, mas não apenas por eles, os músicos seculares também têm certa proximidade com ela, como exemplo, é possível citar os Cecilian Festivals na Inglaterra, a antiga revista americana Caecilia, e os contemporâneos conservatórios, universidades, orquestras, bandas e corais que levam seu nome, bem como a conhecidíssima Academia Santa Cecilia da Itália.
Assim, a cada ano, no dia 22 de novembro, a Igreja celebra a festa desta grande santa, virgem e mártir, padroeira da música.

A cripta de Santa Cecília

Em Roma, é bastante visitada a catacumba de São Calixto, onde está sepultada Santa Cecília. As catacumbas são testemunhos vivos de como os primeiros fiéis viviam o cristianismo e de como encaravam a morte, num período em que a conversão significava candidatar-se à morte.
Na parede esquerda, em baixo, abre-se um grande nicho no qual está colocado o sarcófago que contém o corpo de Cecília. A estátua ali colocada para veneração dos fiéis é uma cópia da célebre estátua de Stefano Maderno (1566-1636), esculpida em 1599. Nela, o artista ressalta o corte produzido pelo machado e a posição dos dedos: três abertos na mão direita – professando a fé no Deus Trino – e um dedo aberto na mão esquerda – a fé no Deus Uno.


Leia também: "Conheça a história da santa que se tornou padroeira da música" em http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=245691